14º DIA / CALDEIRA - PASO SÃO FRANCISCO



   27/11/2014

    Muito bem, aqui a historia é longa, por isso sentem-se e acomodem-se e vamos lá.

    No dia anterior nos informamos com o dono do hotel se a estrada do Passo São Francisco era boa e asfaltada, e ele nos confirmou que a estrada era ótima e tinha pouco trânsito, a minha preocupação com o rípio era a Gláucia que tem pouca experiência com terra, e morre de medo de andar de moto na areia ou no cascalho.
    Saímos de Caldeira sem tomar café da manhã pois o hotel não servia e o comércio local abre depois das 10 hs, rodamos 80 km ate Copiapó onde abastecemos as motos e tomamos um bom café da manhã. Durante o café perguntamos a um caminhoneiro Argentino sobre a estrada do Paso São Francisco, pois nas minhas pesquisas a estrada era de rípio, mas o caminhoneiro afirmou que era só asfalto e a estrada era ótima. Partimos de Copiapó com gasolina reserva em galão para prevenir,e uma expectativa muito grande pois íamos cruzar  os Andes. Alguns kms depois pegamos a estrada para o Paso São Francisco, só que não era asfalto, era uma terra batita com um asfalto jogado por cima mas dava para manter uma media de velocidade muito boa, e a paisagem mais uma vez maravilhosa, a cada curva era uma vista diferente, paramos várias vezes para tirar fotos e esticar as pernas, estávamos empolgados e subimos a uma altitude 4200mts até chegarmos na aduana Chilena onde apesar do sol forte estava bem frio. Fizemos os trâmites na aduana, e o guarda que nos atendeu muito atencioso, não parava de elogiar a Gláucia ( Você é linda, muito linda, mas como você é linda...kkkk) para quebrar o barato do infeliz perguntei sobre a estrada, e ele que quebrou o meu barato dizendo: - os próximos 50km asfalto, depois mais uns 50 km de rípio... Trocamos olhares penetrantes para ver a reação de cada um, mas todos permaneceram calados, ai eu disse ; - Bom gente 50 km asfalto e 50 de rípio, voltamos ou seguimos?????. E todos concordaram imediatamente bora!!!!! vamos em frente!!!!
Taca-lhe pau e seja o que Deus quiser!
 
    A AVENTURA SEGUE MAIS ABAIXO.


ENTRANDO NA ESTRADA PARA O PASSO SÃO FRANCISCO




A CADA MINUTO UMA VISTA DIFERENTE



TERRÃO CHAMADO DE ASFALTO





NÃO É ASFALTO MAS NÃO TEM BURRACO


É SÓ ALEGRIA






OLHA SÓ ESSE TRECHO DA ESTRADA





MUITO LINDO





MELHOR QUE VER A FOTO É SÓ ESTANDO LÁ



DANDO UMA DESCANSADINHA










OLHA SÓ ESSA SERRINHA MUITO GOSTOSA...


A GLÁUCIA LÁ EM CIMA



OLHA EU LÁ



RUMO AO DESCONHECIDO







SHOW...














AS SALINAS



E LÁ  A ADUANA CHILENA











    Seguimos para mais uma etapa com a altitude na casa dos 4000 mts e a temperatura em torno de  uns 10 graus,  mas nada disso nos preocupava, mal sentíamos o frio e a altitude, a nossa preocupação era o tão falado rípio, será que a moto derrapa muito? sera que é perigoso? será que vamos dar conta???? Muitas perguntas e a resposta estava  a apenas 50km dali. Os 50 primeiros kms foram maravilhosos, linda vista, muita paisagem bonita e muita alegria da nossa parte, mas a fome já estava batendo e sabíamos que não tinha nenhuma lanchonete por perto, ai de repente eu que estava na frente avisei a Gláucia e o Valmir que tinha começado o rípio, falei para a Gláucia através do interfone, diminua a velocidade, procure uma trilha firme e vai com os pés preparados para estabilizar a moto, e foi o que ela fez, com muito medo pois ficava reclamando no interfone e pedindo para indicar o melhor caminho. O Valmir por sua vez com sua BMW 1200, a única moto apropriada para este tipo de terrenos seguiu tranquilo, mas o rípio é traiçoeiro, e logo mais a frente o areião do rípio jogou a moto do Valmir para a direita e ele não conseguiu dominar a menina e "CAPOTE", só escutei a Gláucia falando: - Fi, o Valmir caiu...
Imediatamente olhei no retrovisor e só vi uma nuvem de poeira tão espessa, que não dava para ver o Valmir a Katia e a moto, desci da moto e corri em direção a eles e ao me aproximar avistei o Valmir e a Katia no chão com a BMW tombada com as duas rodas para cima encostada num barranco, perguntei logo se estavam bem e graças a Deus nada de ruim havia acontecido, olhei para a moto e pensei "onde vou arrumar um guincho no meio do deserto para tirar essa moto dai???".
Após verificar que realmente todos estavam bem fomos até a moto e  a situação era hilária: Uma BMW nomeio do deserto com as duas rodas para cima, ou seja 400 k para serem movidos. Eu peguei de um lado o Valmir do outro e pronto a moto estava de pé e somente com algumas escoriações, só o farol de milha havia quebrado. Agora que tudo passou fico pensando que foi uma pena não ter tirado umas fotos daquele momento, mas na hora a prioridade era tudo ficar bem....rss

CONTINUA MAIS ABAIXO

SAINDO DA ADUANA CHILENA




ISSO É ASFALTO





UMA CACHOEIRA NO MEIO DO DESERTO






AGORA COMEÇA O RÍPIO


VALMIR TOMA CUIDADO !!!


O RIPIO É TRAIÇOEIRO


AGORA QUE VOCÊ ME AVISA





ISSO QUE É ROLAR NA AREIA



REZANDO PARA PAPAI DO CEU SEGURAR A MOTO!!!!


    Estávamos todos brancos da areia do deserto, um pouco tensos mas tínhamos que seguir viagem, então propus que eu levasse a Katia na garupa por que a minha moto é mais leve que a BMW, e estou acostumado a andar no areião ( morei 10 anos numa chácara com uma estrada de 6 km de areião e pegava todo dia essa estrada com um custon, e nunca cai!!!!, pura sorte...) seguimos em frente, a canseira somada com a altitude começou a bater e mais a frente após uma duna o que nos espera???? NÃO É MENTIRA - É A MAIS PURA VERDADE , um comando da policia Chilena com mais ou menos 6 policiais nos pára e pede nossos documentos. Sem comentários, até hoje acho que aquilo foi gozação, mas estava tudo em ordem e seguimos em frente e após outra curva nos deparamos com o maior lago na maior altitude da América latina as Lagunas Verdes - Maricunga, mais uma vez uma surpresa atráz da outra, e bem na frente da Laguna ficava o posto de comando da policia que havia nos parado, e foi ali que paramos para beber água e descansar.
Seguimos em frente, faltava pouco até chegarmos ao asfalto, mas esse pouco parecia que não chegava nunca e agora foi a vez da moto da Gláucia atolar no areião e de acordo com a Gláucia ela nem caiu, quando a moto prendeu no areião e ela viu que ia cair como uma ninja ela pulou para cima e caiu de pé ao lado da moto...e a moto também não caiu, ficou presa de pé pela roda enterrada. kkkkkkkk.
Mais adiante avistamos a estrada de asfalto e foi ali que parei para tirar uma foto para eternizar o momento, mas ao parar a moto quando fui apoiar ela no pezinho do lado esquerdo sem explicação a moto e eu caímos para o lado direito, só a Katia que estava na minha garupa deu uma de ninja e quando viu que eu ia pro chão pulou e ficou de pé ao lado da moto. Indignado com o tombo perguntei para a Katia o que tinha acontecido, mas ela também não sabia, foi ai que a Gláucia chegou e parou a moto e começou a gritar pedindo para eu ajudar a segurar a moto,então  eu entendi o que estava acontecendo, estava ventando muito, mais muito mesmo e quando eu joguei a moto para a esquerda para apoiá-la no pezinho o vento era tão forte que jogou eu, a Katia e a moto para a direita e katabum... Chão...

CONTINUA MAIS PARA BAIXO....

SEGUINDO VIAGEM






A PAISAGEM É MARAVILHOSA




SURPRESSA, NO MEIO DO DESERTO OLHA SÓ QUE LAGO











 LAGUNAS VERDES - MARICUNGA



ISSO QUE FAZ A GENTE NÃO DESANIMAR





CARTÃO POSTAL




VULCÃO COBERTO DE GELO



ESSE É UM DOS REFUGIOS


CONSEGUI !!!!



CONSEGUIMOS !!!


     Estávamos eufóricos, já tínhamos vencido a parte mais difícil, agora era só asfalto, e depois de mais de 5000 km rodados já estávamos craques no assunto, seguimos viagem agora sem rípio mas com um vento infernal que fazia com que tivéssemos que andar com a moto inclinada, em pouco tempo descemos uma serrinha muito gostosa e chegamos na aduana Argentina. De cansados para exaustos e mortos de fome e sede, fomos fazer os trâmites na aduana, uma gentil moça nos atendeu e nos sugeriu prosseguir a viagem no dia seguinte pois estava tarde e agora iria esfriar muito e a próxima cidade ficava a 80km de distância e sem cereteza de vaga em hotel.
    Do lado da aduana tem um refúgio, ou seja, um lugar com quarto, cozinha,e banheiros comunitários para abrigar desasvisados igual a nós, que são pegos no deserto, de noite e com frio. Ao todo tem 8 refúgios espalhados pela rodovia que atravessa esta parte do deserto, se fosse aqui no Brasil esses refúgios iriam ser invadidos por sem tetos, com bandeirinhas vermelhas, mas na Argentina só é usado por quem necessita .
O Valmir conversou com o encarregado do refugio e nos cederam um quarto, mas comida não tinha, o que conseguimos foi um chá com bolacha água e sal.
A Gláucia colocou a Katia na cama pois ela estava muito mal, com muito frio e exausta, e foi até a cozinha para ver se tinha algo para comer, e encontrou uma turma de alpinistas argentinos que estavam lá para escalar um vulcão no dia seguinte,  após relatar o nosso dia para eles, prontamente fizeram uma macarronada para nós, e  inclusive entre eles tinha um médico que foi até o quarto onde a Katia estava e a examinou e mediu a pressão.
    Depois do jantar fomos para o quarto e eu dormi como uma pedra, mas os outros estavam tão exaustos que mal conseguiram dormir, passaram a noite se virando de um lado para o outro. Ao amanhecer os alpinistas já haviam partido e após tomarmos um café fomos abastecer a minha moto com o galão que levamos, que já estava na reserva e foi aí que o encarregado do refugio falou que tinha gasolina para vender , então deu para abastecer todas as motos e viajar tranquilo.
Fomos até a aduana, fizemos os tramites e ingressamos na Argentina.


PASSO SÃO FRANCISCO EU ESTOU AQUI !!!!


OBRIGADO MINHA MENINA


GRÁU VOCÊ CONSEGUI !!!


EU NO REFUGIO - TO PARECENDO REFUGIADO !!!


A CANSEIRA BATEU


O REFUGIO POR FORA






Um comentário:

  1. Olá! Quantos litros de gasolina extra levaste para Er6n no trecho do paso de san francisco 470km sem abastecimento.

    Muito obrigado

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